Readings Newsletter
Become a Readings Member to make your shopping experience even easier.
Sign in or sign up for free!
You’re not far away from qualifying for FREE standard shipping within Australia
You’ve qualified for FREE standard shipping within Australia
The cart is loading…
This title is printed to order. This book may have been self-published. If so, we cannot guarantee the quality of the content. In the main most books will have gone through the editing process however some may not. We therefore suggest that you be aware of this before ordering this book. If in doubt check either the author or publisher’s details as we are unable to accept any returns unless they are faulty. Please contact us if you have any questions.
Impoe-se, antes de mais, uma amputacao simbolica: isto nao e um livro de amor. Nem de cartas. Nem sequer de redencao. Isto e uma hemorragia contida em papel e, por isso, talvez te sangre devagar, como uma navalha esquecida no bolso interior de um casaco. A que se volta quando ja se perdeu o combate. Disseram-me, mais do que uma vez, que escrever cartas de amor e sinal de fraqueza. Eu discordo. Fraqueza e fingir que nao se sente. Fraqueza e decorar discursos sobre desapego enquanto se sonha com um toque que ja nao existe. Fraqueza e ter palavras e nao as usar. Amar e outra coisa, e uma especie de violencia permitida, um vicio de que nao se pode reabilitar. Nao sei se alguma vez amei. Claro que sim, que estupidez. Claro que amei, senao nao escrevia este livro. Na verdade, nao sei sequer se o que senti era amor, ou se era so uma carencia bem vestida, com sapatos italianos e promessas ironicas que a vida me fazia. Sei apenas que escrevi. E isso bastou. Escrever foi sempre o meu modo de me fingir vivo. E se ha cartas neste livro, e porque houve silencios demasiado densos para suportar. As cartas sao mais reais do que os corpos. Nao envelhecem. Nao mudam de perfume.
$9.00 standard shipping within Australia
FREE standard shipping within Australia for orders over $100.00
Express & International shipping calculated at checkout
This title is printed to order. This book may have been self-published. If so, we cannot guarantee the quality of the content. In the main most books will have gone through the editing process however some may not. We therefore suggest that you be aware of this before ordering this book. If in doubt check either the author or publisher’s details as we are unable to accept any returns unless they are faulty. Please contact us if you have any questions.
Impoe-se, antes de mais, uma amputacao simbolica: isto nao e um livro de amor. Nem de cartas. Nem sequer de redencao. Isto e uma hemorragia contida em papel e, por isso, talvez te sangre devagar, como uma navalha esquecida no bolso interior de um casaco. A que se volta quando ja se perdeu o combate. Disseram-me, mais do que uma vez, que escrever cartas de amor e sinal de fraqueza. Eu discordo. Fraqueza e fingir que nao se sente. Fraqueza e decorar discursos sobre desapego enquanto se sonha com um toque que ja nao existe. Fraqueza e ter palavras e nao as usar. Amar e outra coisa, e uma especie de violencia permitida, um vicio de que nao se pode reabilitar. Nao sei se alguma vez amei. Claro que sim, que estupidez. Claro que amei, senao nao escrevia este livro. Na verdade, nao sei sequer se o que senti era amor, ou se era so uma carencia bem vestida, com sapatos italianos e promessas ironicas que a vida me fazia. Sei apenas que escrevi. E isso bastou. Escrever foi sempre o meu modo de me fingir vivo. E se ha cartas neste livro, e porque houve silencios demasiado densos para suportar. As cartas sao mais reais do que os corpos. Nao envelhecem. Nao mudam de perfume.